Com informações do G1/J. O Imparcial
Marina Silva (PSB) declarou apoio ao candidato
Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições presidenciais de 2014. O
anúncio foi feito em uma entrevista coletiva na manhã do último domingo.
Marina assumiu a corrida eleitoral pelo PSB após a morte de Eduardo
Campos e terminou em terceiro lugar no primeiro turno.
Durante o
pronunciamento, ela lembrou a visita de Aécio a Pernambuco, quando o
candidato apresentou o documento “Juntos pela Democracia, pela Inclusão
Social e pelo Desenvolvimento Sustentável”, com seus compromissos caso
seja eleito. “Quero, de início, deixar claro que entendo esse documento
como uma carta compromisso com os brasileiros, com a nação. Rejeito
qualquer interpretação de que seja dirigida a mim, em busca de apoio”,
disse.
“Os compromissos explicitados e assinados por Aécio tem
como única destinatária a nação e a ela deve ser dada satisfação sobre
seu cumprimento. E é apenas nessa condição que os avaliei para orientar
minha posição neste segundo turno das eleições presidenciais”.
Marina
ressaltou a importância da alternância de poder no Brasil e anunciou o
apoio ao candidato do PSDB. “Votarei em Aécio e o apoiarei, votando
nesses compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de
propósitos do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à
sociedade brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos.”
Confira o discurso na íntegra:
"Ontem,
em Recife, o candidato Aécio Neves apresentou o documento “Juntos pela
Democracia, pela Inclusão Social e pelo Desenvolvimento Sustentável”.
Quero, de início, deixar claro que entendo esse documento como uma carta
compromisso com os brasileiros, com a nação. Rejeito qualquer
interpretação de que seja dirigida a mim, em busca de apoio.
Seria
um amesquinhamento dos propósitos manifestados por Aécio imaginar que
eles se dirigem a uma pessoa e não aos cidadãos e cidadãs brasileiros. E
seria um equívoco absoluto e uma ofensa imaginar que me tomo por
detentora de poderes que são do povo ou que poderia vir a ser
individualmente destinatária de promessas ou compromissos.
Os
compromissos explicitados e assinados por Aécio tem como única
destinatária a nação e a ela deve ser dada satisfação sobre seu
cumprimento. E é apenas nessa condição que os avaliei para orientar
minha posição neste segundo turno das eleições presidenciais. Estamos
vivendo nestas eleições uma experiência intensa dos desafios da
política. Para mim eles começaram há um ano, quando fiz com Eduardo
Campos a aliança que nos trouxe até aqui.
Pela primeira vez, a
coligação de partidos se dava exclusivamente por meio de um programa,
colocando as soluções para o país acima dos interesses específicos de
cada um. Em curto espaço de tempo, e sofrendo os ataques destrutivos de
uma política patrimonialista, atrasada e movida por projetos de poder
pelo poder, mantivemos nosso rumo, amadurecemos, fizemos a nova política
na prática.
Os partidos de nossa aliança tomaram suas decisões e
as anunciaram. Hoje estou diante de minha decisão como cidadã e como
parte do debate que está estabelecido na sociedade brasileira.
Me posicionarei.
Prefiro
ser criticada lutando por aquilo que acredito ser o melhor para o
Brasil do que me tornar prisioneira do labirinto da defesa do meu
interesse próprio, onde todos os caminhos e portas que percorresse e
passasse só me levariam ao abismo de meus interesses pessoais.
A
política para mim não pode ser apenas, como diz Bauman, a arte de
prometer as mesmas coisas. Parodiando-o, eu digo que não pode ser a arte
de fazer as mesmas coisas. Ou seja, as velhas alianças pragmáticas,
desqualificadas, sem o suporte de um programa a partir do qual dialogar
com a nação.
Vejo no documento assinado por Aécio mais um elo no
encadeamento de momentos históricos que fizeram bem ao Brasil e
construíram a plataforma sobre a qual nos erguemos nas últimas décadas.
Ao final da Presidência de Fernando Henrique Cardoso, a sociedade
brasileira demonstrou que queria a alternância de poder, mas não a perda
da estabilidade econômica.
E isso foi inequivocamente acatado
pelo então candidato da oposição, Luiz Inácio Lula da Silva, num
reconhecimento do mérito de seu antecessor e de que precisaria dessas
conquistas para levar adiante o seu projeto de governo.
Agora,
novamente, temos um momento em que a alternância de poder fará bem ao
Brasil, e o que precisa ser reafirmado é o caminho dos avanços sociais,
mas com gestão competente do Estado e com estabilidade econômica, agora
abalada com a volta da inflação e a insegurança trazida pelo
desmantelamento de importantes instituições públicas.
Aécio
retoma o fio da meada virtuoso e corretamente manifesta-se na forma de
um compromisso forte, a exemplo de Lula em 2002, que assumiu
compromissos com a manutenção do Plano Real, abrindo diálogo com os
setores produtivos.
Doze anos depois, temos um passo adiante, uma
segunda carta aos brasileiros, intitulada: “Juntos pela democracia, a
inclusão social e o desenvolvimento sustentável”.
Destaco os compromissos que me parecem cruciais na carta de Aécio:
-O respeito aos valores democráticos, a ampliação dos espaços de exercício da democracia e o resgate das instituições de Estado.
-A valorização da diversidade sociocultural brasileira e o combate a toda forma de discriminação.
-A
reforma política, a começar pelo fim da reeleição para cargos
executivos, que tem sido fonte de corrupção e mau uso das instituições
de Estado.
-Sermos capazes de entender que, no mundo atual, a
ampliação da participação popular no processo deliberativo, através da
utilização das redes sociais, de conselhos e das audiências públicas
sobre temas importantes, não se choca com os princípios da democracia
representativa, que têm que ser preservados.
-Compromissos sociais avançados com a Educação, a Saúde, a Reforma Agrária.
-Prevenção frente a vulnerabilidade da juventude, rejeitando a prevalência da ótica da punição.
-Lei para o Bolsa Família, transformando-o em programa de Estado
-Compromissos
socioambientais de desmatamento zero, políticas corretas de Unidades de
Conservação, trato adequado da questão energética, com diversificação
de fontes e geração distribuída.
-Inédita determinação de
preparar o país para enfrentar as mudanças climáticas e fazer a
transição para uma economia de baixo carbono, assumindo protagonismo
global nessa área.
-Manutenção das conquistas e compromisso de
assegurar os direitos indígenas, de comunidades quilombolas e outras
populações tradicionais. Manutenção da prerrogativa do Poder Executivo
na demarcação de Terras indígenas.
-Compromissos com as bases
constitucionais da federação, fortalecendo Estados e municípios e
colocando o desenvolvimento regional como eixo central da discussão do
Pacto Federativo.
Finalmente, destaco e apoio o apelo à união do
Brasil e à busca de consenso para construir uma sociedade mais justa,
democrática, decente e sustentável. Entendo que os compromissos
assumidos por Aécio são a base sobre a qual o pais pode dialogar de
maneira saudável sobre seu presente e seu futuro.
É preciso, e
faço um apelo enfático nesse sentido, que saiamos do território da
política destrutiva para conseguir ver com clareza os temas estratégicos
para o desenvolvimento do país e com tranquilidade para debatê-los
tendo como horizonte o bem comum. Não podemos mais continuar apostando
no ódio, na calúnia e na desconstrução de pessoas e propostas apenas
pela disputa de poder que dividem o Brasil.
O preço a pagar por
isso é muito caro: é a estagnação do Brasil, com a retirada da ética das
relações políticas. É a substituição da diversidade pelo estigma, é a
substituição da identidade nacional pela identidade partidária raivosa e
vingativa.
É ferir de morte nossa democracia.
Chegou o
momento de interromper esse caminho suicida e apostar, mais uma vez, na
alternância de poder sob a batuta da sociedade, dos interesses do país e
do bem comum.
É com esse sentimento que, tendo em vista os
compromissos assumidos por Aécio Neves, declaro meu voto e meu apoio
neste segundo turno. Votarei em Aécio e o apoiarei, votando nesses
compromissos, dando um crédito de confiança à sinceridade de propósitos
do candidato e de seu partido e, principalmente, entregando à sociedade
brasileira a tarefa de exigir que sejam cumpridos.
Faço esta
declaração como cidadã brasileira independente que continuará livre e
coerentemente, suas lutas e batalhas no caminho que escolheu. Não estou
com isso fazendo nenhum acordo ou aliança para governar.
O que me move é minha consciência e assumo a responsabilidade pelas minhas escolhas."